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No Brasil, o campo é cenário de um crime repetido: pistoleiros a mando do latifúndio e acumpliciados com a polícia matam trabalhadores e gente emprenhada na defesa dos direitos humanos, como sindicalistas, religiosos, advogados e outros. Aos crimes, segue-se o alarido da imprensa e a comoção da opinião pública, juntam-se provas incriminatórias e o véu do tempo logo se ocupa de encobrir os processos e liberar os culpados. Esses, os mandantes, os donos das terras, ficam para sempre impunes, pois não há vontade real de punir.
Na madrugada de 9 de agosto de 1995, 600 famílias de camponeses sem terra, acampados na Fazenda Santa Elina, em Corumbiara, em Rondônia, foram atacadas ferozmente por tropas da PM reforçadas por bandos de jagunços. Durante 3 horas, os agressores cercaram os trabalhadores com luzes de holofotes e sobre eles dispararam suas metralhadoras e bombas de gás lacrimogêneo. Do fundo dessa noite medonha, homens, mulheres e crianças, entre o sono e o terror, caíam feridos mortalmente ou tratavam de resistir por meio de suas ferramentas e espingardas de caça.
Às primeiras barras do dia, gente fardada e encapuzada, e jagunços invadiram o acampamento a atirar à queima-roupa e a mutilar os indefesos com moto-serras. Dentre os mortos, estava a pequena Vanessa, na ternura de seus 7 anos. Levados para um campo de futebol, mais de 400 camponeses foram torturados frente a suas mulheres e filhos. Muitos foram obrigados a comer o próprio sangue, misturado à terra.
Como de costume, o comandante da PM foi demitido e o Ministro da Agricultura gaguejou frases de fé na justiça. Como de praxe, o INCRA protelou medidas efetivas de assentamento e acampamentos, foi fundado o Movimento Camponês Corumbiara, nascido do drama de Santa Elina.
Agora, na Comarca de Corumbiara, no processo referente ao crime, criaram-se condições para transformar o caso em novo massacre, dessa vez judiciário, de quatro das vítimas, ora apontadas como líderes da invasão e responsáveis diretos, não só pela morte de 2 milicianos, como pelo massacre dos seus próprios companheiros. Adelino Ramos, Cícero Pereira Leite Neto, Claudemir Gilberto Ramos e José Fernando da Silva são os acusados na torpe denunciatória engendrada pela Justiça de Rondônia.
Podemos esperar que a farsa se complete com a intimidação do Conselho de Sentença por parte dos senhores da terra.
O homem do campo quer terra e trabalho. Quer a reforma que lhe trará recursos necessários à produção agrícola. A reforma agrária interessa ao campo e à cidade. Só não interessa ao latifúndio e aos governos que o servem. Dentre os camponeses de Corumbiara, um poeta disse: “todos sonham o mesmo sonho: um novo dia, a terra, o lar”.
Saudamos o novo dia, a terra, a justiça no campo. Nossa solidariedade ao 4 companheiros de Corumbiara. Salve o MCC!
Cértos episódios tem que serem relembrados ,para não cair no esquecimento,assim como a astúcia e a farsa montada contra Claudemir gilberto Ramos e seus companheiros! Que são inocentes e que jamais em hipótese alguma fizeram qualquer coisa que desabonasse suas condutas frente a chamada sociedade!
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