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Justiça é o que  quero!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

CNBB condena violência no campo e exige Reforma Agrária




A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) manifestou “preocupação” com os casos de violência ocorridos no norte do país. Entre maio e junho pelo menos cinco mortes ocorreram no Pará e Rondônia. No dia 27, o camponês Adelino Ramos, o Dinho, foi executado na divisa do Acre com Rondônia.
Em nota publicada hoje, a entidade denuncia que em relação aos recentes assassinatos “pouco foi feito para proteger estas famílias”. Os bispos também exigem investigação e a punição dos culpados.
A ausência do Estado foi citada uma das causas do alto índice de violência na região. A CNBB exige que o governo execute políticas públicas e consolide a segurança no campo.
“Não podemos permitir que prevaleça a lei do mais forte, pois significa a compactuação com as graves injustiças geradas especialmente pela extração ilegal de madeira e pela ocupação ilegal do solo”, diz  um trecho da nota.
Como alternativa, diz que é urgente de um projeto de reforma agrária e de uma política agrícola que respeite as diversidades regionais e os biomas.
Ameaças contra Agentes de Pastoral
Membros da CPT Comissão Pastoral da Terra no Acre também receberam, no começo deste mês, ameaças de morte por telefone. Para a entidade, está é uma forma de intimidação ao trabalho realizado em áreas de conflito na tríplice divisa do Acre com Amazonas e Rondônia.
Em uma das ligações, no dia 3, o agente de pastoral Cosme Capstano da Silva ouviu o seguinte recado: “Estou ligando para você avisar aos seus amigos da CPT que morreu gente no Pará e em Rondônia e que agora vai ser no Amazonas e no Acre. E é daí por diante”.
Depois de uma audiência com a CPT do Acre, ontem, o Procurador do Ministério Público Federal, Ricardo Gralha, considerou o fato como uma tentativa de intimidação e uma afronta ao regime democrático e prometeu dar início a apuração dos fatos.
— Qualquer tentativa de intimidação das lideranças comunitárias é uma afronta e nós não podemos compactuar com isso. A nossa intenção é a instauração de um procedimento para apurar quais as causas desses conflitos agrários —, afirmou.
Com informações da CNBB e agências

Base de Fiscalização Ambiental recebe o nome de Adelino Ramos

Amazonas
A Fundação Amazonas Sustentável (FAS), o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e a Prefeitura de Novo Aripuanã inauguram neste sábado, dia 18, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma (RDS do Juma), a Base de Fiscalização Ambiental Adelino Ramos.
O nome é em homenagem ao produtor rural e ex-líder do Movimento Camponês de Corumbiara, Adelino Ramos, também conhecido como Dinho, que foi assinado em 27 de maio deste ano por denunciar a ação de madereiras ilegais na região.

A FAS e o IPAAM possuem acordo de cooperação técnica firmado para o desenvolvimento das ações de fiscalização e monitoramento ambiental na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma.

A Reserva do Juma está no sul do estado do Amazonas, região ameaçada pela pressão de grandes madeireiras e pela pecuária extensiva.


Mais sobre Adelino Ramos

Adelino Ramos, nasceu em São João (PR), no dia 27 de julho de 1954. Era uma liderança reconhecida na região Norte do país, sendo presidente do Movimento Camponeses Corumbiara e da Associação dos Camponeses do Amazonas. Dinho, como era conhecido, morava em um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) com outras famílias. Seu grupo buscava regularizar sua produção e ainda tinham alguns programas desenvolvidos pela Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror). Cabe ressaltar que ele era um remanescente do massacre de Corumbiara, ocorrido em 9 de agosto de 1995, que resultou na morte de 13 pessoas.

No dia 27 de maio de 2011, o agricultor, aos 56 anos, foi assassinado, no distrito de Vista Alegre do Abunã (RO).  Segundo lideranças locais, ele vinha recebendo ameaças de morte de madeireiros da região. Na ocasião, a Presidência da República manifestou total repúdio e indignação ao fato.

"Parece está aberta a temporada de caça não só da Floresta Amazônica, mas também das pessoas que tentam protegê-la"

"Parece está aberta a temporada de caça não só da Floresta Amazônica, mas também das pessoas que tentam protegê-la"
Código Florestal, Usina de Belo Monte e presidenta Dilma foram alvos das críticas
A revista americana “The New Yorker” publicou em seu site, nesta quarta-feira (15), uma crítica assinada por seu correspondente internacional Jon Lee Anderson descrevendo a situação político-ambiental que faz com que os ativistas do campo estejam sempre “preparados para uma amarga batalha”.
A crítica cita acontecimentos dos meses de maio e junho deste ano para afirmar que, “com a febre do desenvolvimento se espalhando pelo Brasil, parece está aberta a temporada de caça não só da Floresta Amazônica, mas também das pessoas que tentam protegê-la".
Entre os fatos que culminaram na situação atual, o autor cita a aprovação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados, no último dia 24 de maio. O artigo ressaltou que a mera expectativa da aprovação do novo projeto de lei já gerou o aumento de 500% nos incêndios florestais e desmatamento em março e abril, os meses de debate que antecederam a votação.
O artigo ainda cita a preocupação da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, a respeito do “impacto tremento” que a reforma do texto poderá provocar, com, por exemplo, o aumento da emissão de gás carbônico de 17 milhões para 28 milhões de toneladas ao ano.
A presidente Dilma Rousseff também não foi poupada de críticas. O texto a descreveu como “uma tecnocrata pró-desenvolvimento”, por aprovar, uma semana depois, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, que, segundo o autor, “vai inundar cerca de 120 mil acres [48 hectares] de floresta Amazônica, incluindo parte da terra tradicional dos índios Kayapós”.
Outro acontecimento citado por Anderson foi a coincidência de a aprovação do código ter acontecido no mesmo dia que o casal de extrativistas, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, foi executado no Pará. “Quando um parlamentar anunciou a notícia dos assassinatos no Congresso e pediu uma investigação, uma vaia surgiu da bancada de ruralistas apoiada pelo agronegócio", escreveu o repórter.
Outras três mortes, nas duas semanas seguintes, no Pará e em Rondônia foram citadas no artigo que citou fontes especializadas que acompanham as investigações e garantiram que mesmo com a mobilização do governo federal para proteger 125 pessoas ameaçadas de morte na região, ainda não há garantias reais de que os assassinos não sairão impunes. "O Pará é conhecido no Brasil como o 'Estado sem lei' por sua falta de resposta judicial aos crimes. De centenas de homicídios registrados no Estado, poucos suspeitos já foram presos", disse Anderson, que lembrou um dos casos mais notórios como um dos poucos a ser encerrado com uma condenação, o da freira e ativista americana Dorothy Stang, assassinada em 2005.
Para o repórter da "New Yorker", o cenário chega a ser pior que o das favelas dominadas por traficantes de drogas.
Ele reproduziu o relato de José Junior, um dos fundadores da ONG carioca AfroReggae, do velório de Eremildo Pereira dos Santos, morto também em Nova Ipixuna. "Junior, que cresceu em uma das favelas mais duras do Rio, escreveu: 'Nunca em minha vida fui a um velório como esse, onde os presentes tinham medo demais de chorar', contou."
 
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