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sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Parece está aberta a temporada de caça não só da Floresta Amazônica, mas também das pessoas que tentam protegê-la"

"Parece está aberta a temporada de caça não só da Floresta Amazônica, mas também das pessoas que tentam protegê-la"
Código Florestal, Usina de Belo Monte e presidenta Dilma foram alvos das críticas
A revista americana “The New Yorker” publicou em seu site, nesta quarta-feira (15), uma crítica assinada por seu correspondente internacional Jon Lee Anderson descrevendo a situação político-ambiental que faz com que os ativistas do campo estejam sempre “preparados para uma amarga batalha”.
A crítica cita acontecimentos dos meses de maio e junho deste ano para afirmar que, “com a febre do desenvolvimento se espalhando pelo Brasil, parece está aberta a temporada de caça não só da Floresta Amazônica, mas também das pessoas que tentam protegê-la".
Entre os fatos que culminaram na situação atual, o autor cita a aprovação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados, no último dia 24 de maio. O artigo ressaltou que a mera expectativa da aprovação do novo projeto de lei já gerou o aumento de 500% nos incêndios florestais e desmatamento em março e abril, os meses de debate que antecederam a votação.
O artigo ainda cita a preocupação da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, a respeito do “impacto tremento” que a reforma do texto poderá provocar, com, por exemplo, o aumento da emissão de gás carbônico de 17 milhões para 28 milhões de toneladas ao ano.
A presidente Dilma Rousseff também não foi poupada de críticas. O texto a descreveu como “uma tecnocrata pró-desenvolvimento”, por aprovar, uma semana depois, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, que, segundo o autor, “vai inundar cerca de 120 mil acres [48 hectares] de floresta Amazônica, incluindo parte da terra tradicional dos índios Kayapós”.
Outro acontecimento citado por Anderson foi a coincidência de a aprovação do código ter acontecido no mesmo dia que o casal de extrativistas, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, foi executado no Pará. “Quando um parlamentar anunciou a notícia dos assassinatos no Congresso e pediu uma investigação, uma vaia surgiu da bancada de ruralistas apoiada pelo agronegócio", escreveu o repórter.
Outras três mortes, nas duas semanas seguintes, no Pará e em Rondônia foram citadas no artigo que citou fontes especializadas que acompanham as investigações e garantiram que mesmo com a mobilização do governo federal para proteger 125 pessoas ameaçadas de morte na região, ainda não há garantias reais de que os assassinos não sairão impunes. "O Pará é conhecido no Brasil como o 'Estado sem lei' por sua falta de resposta judicial aos crimes. De centenas de homicídios registrados no Estado, poucos suspeitos já foram presos", disse Anderson, que lembrou um dos casos mais notórios como um dos poucos a ser encerrado com uma condenação, o da freira e ativista americana Dorothy Stang, assassinada em 2005.
Para o repórter da "New Yorker", o cenário chega a ser pior que o das favelas dominadas por traficantes de drogas.
Ele reproduziu o relato de José Junior, um dos fundadores da ONG carioca AfroReggae, do velório de Eremildo Pereira dos Santos, morto também em Nova Ipixuna. "Junior, que cresceu em uma das favelas mais duras do Rio, escreveu: 'Nunca em minha vida fui a um velório como esse, onde os presentes tinham medo demais de chorar', contou."
 

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